segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

TELETRABALHO

Aumenta o leque de profissionais virtuais

Fonte: Gazeta Mercantil - Regina Neves


O trabalho remoto já está incorporado ao organograma, principalmente de empresas globais. "De que adianta investir uma fortuna para trazer para o centro da cidade corpos pesando 80 quilos, se o que vocês querem são os cérebros deles, que pesam 3,8 quilos?" Autor de frases memoráveis como essa, o guru da administração Peter Drucker (1909/2005), que escreveu mais de 20 livros e tem até hoje uma grande influência nos destinos da administração mundial, através de suas idéias modernas, arrojadas e inovadoras, já pressentia que o home office, o trabalho remoto, iria rapidamente deixar de ser uma excentricidade e se tornar um crescente modus vivendi corporativo. Idéia que começou a vigorar nos anos 1990, a prática foi no princípio exercida por profissionais liberais (arquitetos, por exemplo) e trabalhadores free-lancers, mas hoje já está incorporada ao organograma de muitas empresas, especialmente globais.

Leila Prati, gerente global de marketing em lubrificantes para o varejo da Shell, há três anos deixou o escritório da empresa na Barra, Rio de Janeiro, para, de casa, comandar uma rede mundial. "Não tem sentido eu trabalhar em um escritório clássico, já que minha equipe está espalhada pelo mundo e jamais poderei reuni-la num mesmo espaço físico", diz. "De casa, posso fazer uma reunião com Singapura às 5 horas da manhã, enquanto tomo confortavelmente o café da manhã, depois esperar o ônibus escolar com minhas filhas e em seguida continuar on-line com a empresa. É um ganho de tempo e de qualidade de vida, o que se reflete em produtividade."

Para ela, o trabalho virtual é uma decorrência da globalização e não tem retorno. "A Shell, como outras empresas globais, tem uma política para home office", explica Leila, que tem em casa toda a infra-estrutura de que necessita. "Estou sempre em contato com a matriz por banda larga, MSM e ainda telefone e celular. É claro que às vezes sinto falta do cafezinho, do contato pessoal, mas não ter que enfrentar congestionamentos, ver diminuidos os problemas de segurança e ainda sem aquele sentimento de culpa de mãe que trabalha até tarde compensa."

O Serpro tem hoje 75 funcionários em seu programa de teletrabalho criado em 2005. O programa já representou, segundo pesquisa, um ganho em produtividade de 10,5% e uma economia em logística de 47,1%. Quem coordena o programa é Joselma Oliveira que o desenvolveu a pedido do próprio Serpro quando fazia uma pós-graduação paga pela empresa interessada em saber como se comportaria um programa desse tipo em uma empresa de TI e Comunicação. O que a princípio parece apenas uma simples questão de deslocamento físico, exige na verdade uma série de pressupostos a começar de adaptações na CLT.

"O Brasil ainda não tem uma regulamentação para o teletrabalho. O País precisa primeiro assinar a Convenção 177 da Organização Internacional do Trabalho (OIT)", conta Joselma. Para o programa do Serpro foram criados 23 instrumentos para adaptar as necessidades da empresa. A adesão é voluntária e não é fácil adquirir o status. São pelo menos três meses de avaliações que incluem um amplo perfil psicosocial a análise de mínimos detalhes. Por exemplo, marido e mulher não devem trabalhar ao mesmo tempo em casa para não desgastar a relação. Também é feita uma análise organométrica do espaço da casa do funcionário, antes da autorização.

"Uma vez por semana todos têm que vir à empresa fazer o social", diz Joselma. "Sempre fui um apaixonado pelo tema e por isso quis participar da experiência e estou gostando muito", conta Flavio Correia de Souza, técnico em informação do Serpro que trabalha com indicadores da regional de Brasília. "Com a tecnologia atual e com a metodologia de trabalho, o teletrabalho se revela mais produtivo. A experiência tem sido importante para o meu desenvolvimento, leio mais pois tenho mais horas disponíveis", comenta Souza, que montou um escritório isolado dentro da própria casa.

No exterior, o home office já abrange um grande número de pessoas. Nos Estados Unidos, o número cresceu bastante, especialmente depois do 11 setembro, alcançando 18% da força de trabalho. No Brasil esse número ainda é baixo, estimado pelo mercado em cerca de 3,5 milhões. "Esse número tende a crescer rapidamente, só faltam vencer, na verdade, barreiras culturais, afinal, qual empresa não quer reduzir drasticamente seus custos", diz Douglas Rivero, country manager da SonicWALL para América do Sul, empresa que cria soluções para que as corporações diminuam os riscos com os colaboradores remotos.

"Há muitos mecanismos para solucionar o problema da segurança que é ainda uma grande preocupação", diz Douglas, ele próprio um trabalhador remoto, que passa 98% do seu tempo, segundo diz, fora da empresa e na companhia do notebook.

Diferencial Recentemente uma pesquisa da SonicWALL com 1.100 executivos dos Estados Unidos e Austrália mostrou que mais da metade dos entrevistados acreditam que a opção do trabalho remoto é um diferencial competitivo e um componente de motivação para os funcionários. Mais de um terço dos pesquisados possuem funcionários que trabalham fora do escritório 20% ou mais do tempo. Os principais motivos para essa opção de trabalho são motivação do funcionário (58%); aumento no preço dos combustíveis (34%), condições climáticas e trânsito (33%); e custo do espaço no escritório (32%).

Metade dos entrevistados disse que suas empresas também possuem políticas para os funcionários remotos. Apesar do crescente apoio a esse modelo de trabalho, os executivos identificaram algumas preocupações no gerenciamento dessa força de trabalho remota. Entre as três principais, mais de 20% dos entrevistados estão preocupação com a produtividade desses funcionários, apesar de que 34% dos executivos acreditarem que os trabalhadores remotos são mais produtivos; 15% acreditam que os funcionários remotos estão perdendo algum aspecto por não estarem fisicamente presentes no escritório e há preocupação especial com as possíveis brechas de segurança.

Enviado por Mario Faccioni da SERTARH

Fale com naturalidde

Por Reinaldo Polito


Nos últimos 30 anos, tenho empunhado uma bandeira que considero uma das mais preciosas para o sucesso da comunicação -a naturalidade.

Parece ironia. Mas, você só conseguirá desenvolver uma comunicação eficiente se aprender a explorar seu próprio potencial, preservar suas características e falar com naturalidade. Isto é, terá de se dedicar e aprender muito para no final conseguir ser você mesmo.

Dá a impressão de ser muito simples. Afinal, basta que você se comporte diante do público sem máscara, sem afetação, sem artificialismo e passará a fazer parte do seleto grupo dos grandes comunicadores.

Entretanto, esse objetivo possível de ser atingido por todas as pessoas, independentemente da sua situação econômica, social ou intelectual, é o que exigirá de você maior esforço, estudo e dedicação.

Por isso, se você me perguntasse o que considero mais importante para que a sua comunicação seja vitoriosa, com toda a convicção e sem nenhum receio de errar eu diria: seja natural.

Aprenda e aplique todas as regras da comunicação, mas jamais perca sua naturalidade. Fale nas reuniões da empresa, nos contatos sociais e de negócios preservando seu estilo e respeitando seu jeito de ser.

A grande meta da comunicação é a credibilidade. Se os ouvintes acreditarem em suas palavras, tudo poderá ser conquistado. Você terá a aprovação do projeto, a assinatura no pedido, o voto em seu nome, a solidariedade à sua causa. Enfim, todos os seus anseios serão atendidos se você tiver credibilidade.

Para que essa qualidade esteja presente em sua comunicação, o primeiro e mais relevante requisito é a naturalidade.

Se você cometer erros técnicos de comunicação, mas conseguir se expressar de maneira natural e espontânea, as pessoas ainda poderão confiar na sua mensagem. Se, entretanto, você aplicar todas as técnicas, mas se apresentar com artificialismo, os ouvintes duvidarão das suas intenções e se mostrarão resistentes ao que disser a eles.

Para saber como deve ser a sua comunicação quando você se apresenta com naturalidade, observe como se comporta quando está falando com as pessoas mais íntimas -amigos e familiares- e procure se apresentar em outros ambientes mantendo essa mesma forma de ser.

Se você conseguir falar diante de uma platéia ou de um grupo em reuniões formais com a mesma liberdade e desenvoltura com que se expressa em situações mais descontraídas, atingirá o mais elevado nível de comunicação que poderia pretender, pois estará transportando essa competência para todas as circunstâncias.

Talvez contando como procedo com meus alunos no Curso de Expressão Verbal você tenha uma idéia melhor de como deverá agir.

Ao receber o aluno, antes de iniciar a aula, converso com ele de maneira amigável até que possa se sentir à vontade e se expressar com espontaneidade.

Durante essa conversa descontraída posso analisar o ritmo da sua fala, a maneira como faz as pausas, como gesticula, olha, ri, o tipo de vocabulário que utiliza, se possui e como explora a presença de espírito, como ouve e participa do diálogo. Enfim, como se comunica a partir do seu verdadeiro estilo.

Após essa observação o aprendizado passa a ser mais simples, pois ele apenas terá que fazer na tribuna, diante do microfone e da câmera, o que já sabe. Quando ele conseguir se apresentar nesta situação mais formal da mesma maneira como estava se comunicando comigo naquela conversa inicial mais solta, estará pronto para falar em qualquer situação com desembaraço, confiança e eficiência.

Quase todos os alunos se mostram surpresos, pois esperavam participar de um processo de aprendizado que impusesse regras prontas de conduta. Entretanto, ficam aliviados ao descobrir que para ser bons comunicadores não precisarão se violentar, interpretando papéis ou vivendo personagens diferentes da sua realidade pessoal.

É evidente que você deverá buscar cada vez mais o seu aprimoramento e se dedicar para assimilar e aplicar todas as boas técnicas da comunicação, mas sem jamais perder sua naturalidade.

Saiba também que ser natural não significa continuar cometendo erros, mas sim aproveitar os aspectos positivos que aprendeu e desenvolveu ao longo da vida.

Falando com naturalidade você se sentirá muito mais confiante, e essa segurança permitirá que explore melhor sua inteligência, bom humor e capacidade de associar idéias e informações, o que tornará suas apresentações muito mais expressivas, desembaraçadas e atraentes.

Aprenda, estude, pratique todas as boas técnicas, mas jamais deixe de ser como é, pois -tenha certeza- o melhor de você será sempre você mesmo.

SUPERDICAS DA SEMANA

Fale diante da platéia como se conversasse em casa com amigos

Aprenda todas as técnicas, mas nunca deixe de ser natural

Prefira errar na técnica e continuar sendo natural

Prefira ser natural a acertar na técnica

Estude e se aplique para acertar na técnica e continuar sendo natural

Fonte: UOL Economia - Clicar.

Quebre as regras

Por Reinaldo Polito

Faça isso. Não aja assim. Essa atitude está errada. Esse comportamento está incorreto. Não pode. Não deve. Não está certo. Não, não, não e não.

O que não falta é gente dizendo o que pode e o que não deve ser feito. São pessoas que cristalizam e impõem regras como se fossem dogmas.

Precisamos ficar atentos a esses conceitos engessados e tomar cuidado com as regras. Temos de desconfiar das cartilhas que os "especialistas" querem nos impor.

Às vezes nos tornamos presas fáceis dessas imposições autocráticas porque nos sentimos protegidos com a posse de algumas regrinhas. Com elas temos a sensação de que não correremos o risco de errar e a certeza de que assim não seremos criticados, o que nos dá mais confiança no momento de falar, especialmente diante de uma platéia.

Até aí tudo bem. Sentir segurança para falar em público é o que mais precisamos e desejamos na comunicação. Concluir, entretanto, que se essas regras não forem seguidas e adotadas sempre estará tudo errado é uma grave distorção.

Parece incrível, mas há pessoas que deixam de fazer curso comigo porque têm a noção equivocada de que se submeterão a um treinamento que lhes obrigará a agir dentro de padrões rígidos e determinados.

Não são poucos aqueles que no final do curso se surpreendem ao constatar que aprenderam a falar bem explorando apenas seu próprio potencial, preservando suas características. É comum confessarem que estavam totalmente enganados com suas idéias preconcebidas.

De vez em quando, um orador interrompe sua apresentação para dizer que seria censurado se o professor Polito estivesse na platéia porque está falando com a mão no bolso ou apoiado na tribuna.
E mesmo quando estou presente não apalpam. Dizem que eu devo estar me revirando na cadeira por causa do seu comportamento.

Até sei por que fazem esse tipo de comentário. Primeiro, porque alguns têm uma idéia embaçada do que seja o ensino da arte de falar bem nos dias de hoje. Depois, porque querem mostrar que não se submetem às regras e que são ótimos comunicadores mesmo sem terem recebido nenhum tipo de orientação.

O que esses oradores, provavelmente, não sabem é que há mais de 30 anos ensino os meus alunos a falar preservando exatamente esse comportamento natural e espontâneo. Se você ler o texto que publiquei aqui mesmo no UOL vai verificar que para mim a melhor de todas as técnicas da comunicação é a naturalidade.

A regra na comunicação verbal deve servir para ajudar, nunca para atrapalhar ou escravizar o orador. Garanto: se você tiver dificuldade para usar uma regra, ou ela não é boa, ou não é apropriada para o seu estilo. Regra boa é essa que você já traz com o que aprendeu ao longo da vida.

Portanto, falar de vez em quando com as mãos nos bolsos, ou com os braços nas costas, ou debruçado sobre a tribuna, desde que por pouco tempo, de maneira natural, sem demonstrar que se comporta assim por inibição, desconforto ou hesitação, não só não constitui erro, como pode ser uma atitude recomendável.

Outro exemplo conhecido é a censura que se faz ao uso do palavrão e da gíria. Falar palavrão ou usar gíria é uma atitude condenável na maioria das situações. Observe que eu disse "na maioria das situações", e não que seja condenável sempre. Você já deve ter visto pessoas transgredindo essa regra e mesmo assim encantando os ouvintes e conquistando sucesso.

Ao contar uma piada diante dos mais próximos, como amigos e familiares, o palavrão e a gíria poderão até fazer parte da boa comunicação. Dependendo da maneira como você se comporta, mesmo diante do público esse palavreado poderá não ser tomado como vulgar. Tudo dependerá do seu estilo, do seu charme e da circunstância que cerca sua apresentação.

Apenas para ajudar a refletir sobre o perigo das regras, vamos analisar o exemplo das apresentações com apoio de projetores. O manual do orador diz: não se deve passar na frente do aparelho de projeção.

É evidente que se você transitar muitas vezes na frente da projeção poderá prejudicar a concentração dos ouvintes. Entretanto, se você agir assim de vez em quando, não apenas não estará cometendo falha, como poderá ajudar a reconquistar a atenção da platéia.

Como o pensamento trabalha numa velocidade quatro vezes mais rápido que a capacidade de pronunciar as palavras, depois de alguns minutos, os ouvintes tendem a se distrair e desviar a atenção do orador. Ao passar na frente do aparelho de projeção, você poderá quebrar o foco de atenção que ficou viciado e recuperar a concentração do público.

Citei apenas alguns exemplos para que você possa pensar sobre a conveniência de seguir ou não determinadas regras que são repetidas à exaustão.

Observe os grandes oradores. Não existe nenhum igual ao outro. Eles não se submetem às mesmas regras. Tornaram-se extraordinários também porque conseguiram encontrar seu próprio estilo e ousaram contrariar algumas dessas imposições.

O responsável pelo sucesso ou fracasso da sua apresentação será sempre você mesmo. Por isso, só acate uma regra se concluir que ela será realmente útil. Se julgar que seguindo um caminho próprio terá melhor resultado, ainda que contrarie qualquer orientação recebida, assuma a responsabilidade e vá em frente.

Se ficar em dúvida sobre a conveniência de quebrar ou não uma regra, não hesite em me escrever. Terei prazer em ajudá-lo.

SUPERDICAS DA SEMANA

Aprenda todas as boas regras da comunicação

Abandone uma regra se julgar que assim terá melhor resultado

Adote apenas as regras que se adaptem ao seu estilo

Desconfie de todas as regras, mesmo daquelas já consagradas

Fonte: UOL Economia: Clicar.

sábado, 8 de dezembro de 2007

A China no cotidiano

Por Daniel Lins

Para se adaptar ao ritmo de vida dos chineses, é importante saber que o dia começa cedo: dorme-se às 21h e acorda-se às 6h. O café da manhã é um "almoço": sopa de arroz e legumes, pão recheado com verduras, frango ou carne, macarrão aos molhos diversos, inúmeros pratinhos cozidos a vapor, chá à vontade, sobremesa, frutas etc.

Mas, os hotéis servem café da manhã à moda ocidental. O almoço é servido de 10 às 11h, pode-se, porém, ficar conversando até às 13h30. A jornada de trabalho vai de 6h30 às 17h30; o jantar é servido às 18 horas, em hotéis ou em família. Em Pequim, é difícil, afora os hotéis, encontrar um restaurante aberto após às 21h.

Pode-se observar, desde às 5 da manhã, chineses que dançam ou praticam, nos jardins ou esplanadas, o Tai Ji Quan, e muitos outros exercícios de arte marcial: é um espetáculo à parte. Começam sempre com ritmos lentos que acordam pouco a pouco os sentidos e permitem manter a boa forma física e mental. Todas as faixas etárias se misturam: é um movimento pleno, sem mestre nem palavra de ordem; é uma individualidade coletiva, como só os chineses conhecem... Em Pequim, idosos levam pássaros para passear nos jardins da cidade; penduram as gaiolas nas árvores, escutando-os cantar, enquanto dialogam com os amigos.

Embora as grandes cidades conheçam um imenso fluxo de carros, cujo uso é cada vez mais democratizado - é possível comprar um carro, tipo Gol, básico, por 8 mil reais -, muitos vão ao trabalho de bicicleta. Apesar dos 7 periféricos de Pequim, o engarrafamento é uma constante. Os táxis, a preços módicos, são também muito usados.

Para quem curte a vida noturna, repetimos: os chineses dormem cedo, sobretudo, no norte do país. Mas, se no norte as ruas são desertas, as cidades do sul são animadas, "modernas", uma juventude "dourada", muita gente bonita, casais de mãos dadas, aqui e ali beijinhos e abraços, é uma outra China, a China que muda a passos acelerados. A cidade de Guilan, de "apenas" 600 mil habitantes, paraíso de beleza e mistério, exuberante natureza cantada por escritores, pintores, poetas e andarilhos, atrai 10 milhões de turistas por ano. Vitrine de luxo e fantasia, grifes famosas, galerias de arte, eventos culturais, vida noturna intensa; reggae, rock, hip-hop, salsa, blues, jazz, bares e cafés por todos os lados, muita paquera, gente bonita, simpática, olhares sedutores que se entrecruzam num constante desfile de moda e libido liberada, Guilan é um paraíso habitado por deusas e anjos de carne e osso.

Infelizmente, porém, mesmo no sul, a língua é uma grande barreira: poucos falam inglês, sequer os raríssimos punks, travestis ou vendedores de haxixe.
A China, que usa atualmente um terço do cimento produzido no mundo, que se prepara para sediar os jogos olímpicos e atesta um crescimento de 10%; a China que atrai mascates do mundo inteiro, o último em data, Nicolas Sarkozy acaba de assinar contratos colossais de 28 bilhões de dólares, é antes de tudo um magnífico país cujas belezas e ousadia criativa desafiam muitos que por aqui passam.

Não existe um chinês, mas chineses. Povoado por um bilhão e trezentos milhões de habitantes, a China não conhece a idéia de univocidade, aqui a cultura se diz sempre no plural. Eis por que a noção de sujeito não faz parte de sua filosofia; o "Eu" é estranho, tanto à Filosofia de Lao Tse (VI a. J-C) quanto àquela de Confúcio (VI a. J-C). A univocidade é sempre multiplicidade, inclusive no pensamento de Confúcio, hoje cultuado, perseguido radicalmente pela «Revolução Cultural» de Mao Tse-tung. O retorno do recalcado emerge com a inauguração do Instituto Confúcio, em Pequim, 9 de abril, por Zhili Chen, conselheira do Estado.

Sombras no gigantismo chinês : os jogos olímpicos são uma vitrine, e a China quer um "meio ambiente jornalístico limpo". Pequim anunciou a criação de um banco de dados sobre 30 mil jornalistas estrangeiros, para os jogos de agosto 2008. Os 8 mil repórteres esportivos autorizados a entrar nos estádios foram fixados pelo Ministério da Imprensa e das Publicações. Interrogado sobre o assunto, o ministro respondeu: "Desconheço este banco de dados".

Duas pichações, em Pequim e Xangai: "Quanto mais leis, mais ladrões". Lao Tse. "Somos todos irmãos diante da natureza, mas estrangeiros pela educação". Confúcio.

Fonte: http://www.opovo.com.br/opovo/opiniao/750965.html