segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Sexo na tribuna

Reinaldo Polito

Pode acreditar nesta informação porque ela está respaldada em pesquisa científica: relações sexuais aprimoram a qualidade da comunicação.

Por mais crentes que sejamos, não tem jeito: diante de uma notícia assim, nosso desconfiômetro fica superantenado. Afinal, resolver problemas da arte de falar em público com um remédio tão saboroso parece algum tipo de armação.

Entretanto, para tudo há um preço. E, nesse caso, uma boa surpresa: não é que o pagamento é tão agradável quanto o benefício recebido! A condição para que a estratégia dê resultado é que não pode ser assim um encontro amoroso qualquer. A relação sexual precisa ter um mínimo de qualidade.

Assim como talvez esteja acontecendo com você, eu também fiquei intrigado quando tomei conhecimento dessa informação. Afinal, que tipo de associação pode ser feita entre a tribuna e as relações sexuais? Vamos matar essa charada já, já.

O mundo da oratória é tão fascinante quanto imprevisível e, por esse motivo, não paro de me surpreender. Quando penso que já tomei contato com todas as "mandrakarias" disponíveis para ajudar os oradores a se sair bem diante do microfone, lá vem outra novidade.

O folclore é inesgotável. De repente, surge um Professor Pardal afirmando que o orador vai se sentir mais confortável e confiante para falar em público se usar a criatividade e imaginar que todas as pessoas da platéia estão vestidas apenas de cueca. E a sugestão tem direito a explicação e tudo: ao observar os ouvintes trajados de forma tão ridícula o receio de falar se dissipa.

Por mais estranhas e absurdas que possam parecer essas invencionices, eu não implico com nenhuma técnica de oratória. Como professor, desde cedo adotei a filosofia de que cada um se vira e encontra segurança para falar da maneira que julgar mais conveniente. Se a tática funcionar, está aprovado pelo melhor de todos os controles de qualidade que é a experiência prática. Pelo menos para essa situação é possível dizer que o fim terá justificado os meios.

A história está repleta de grandes oradores que usaram métodos pouco convencionais para melhorar suas chances de se dar bem na tribuna. Lacordaire foi um deles. Considerado o maior nome da oratória do século 19, adotava um recurso peculiar para preparar e ensaiar seus discursos.

Embora seu método fosse extremamente simples, era também muito eficiente: organizava um roteiro com as principais idéias que pretendia desenvolver, ressaltando com expressões e frases a seqüência a ser seguida. Depois ia até o jardim do convento onde residia e praticava falando para as flores, imaginando em cada uma delas a platéia que teria pela frente.

Lacordaire repetia o exercício algumas vezes mantendo o roteiro planejado e mudando as palavras para conquistar certa liberdade na exposição. Concluído o treinamento, estava pronto para encantar o público que superlotava a catedral de Notre Dame.

O que não falta é exemplo de orador utilizando métodos pouco ortodoxos para preparar suas apresentações. Dizem que Frei Francisco do Monte Alverne, considerado um dos maiores pregadores da nossa história, usava técnica semelhante à de Lacordaire, só que no seu caso o treinamento era feito na horta do convento, e a platéia imaginária eram os repolhos.

Os diretores de cinema não se cansam de arrumar artifícios para que os personagens das produções que dirigem sejam bem-sucedidos na tribuna. No filme "Encontro de amor", dirigido por Wayne Wang, que teve como atores principais Jennifer Lopez (Marisa) e Ralph Fiennes (Chris Marshall), há uma sugestão bastante curiosa para combater o medo de falar.

Marisa tem um filho chamado Ty, que fica totalmente desestabilizado diante dos colegas de escola na hora de fazer um discurso. Ao contar o fato a Chris Marshall, orador experiente e candidato ao senado, o menino fica sabendo que o político tão admirado também se sente desconfortável quando precisa falar em público, e que atenua o nervosismo segurando um clipe para descarregar a tensão. O menino segue o conselho e consegue se sair bem.

A literatura também ajuda a enriquecer esse folclore. No livro "Memória das Gueixas", de Arthur Golden, publicado pela Editora Imago, a gueixa conta como agiam para afastar o medo do palco: "No inverno, Abóbora e eu devíamos endurecer nossas mãos mantendo-as em água gelada até gritarmos de dor, e depois tocávamos lá fora, no ar gelado no pátio. Pode parecer terrivelmente cruel, mas assim as coisas eram feitas naquele tempo. Com efeito, endurecer as mãos assim realmente ajudava a tocar melhor. E se a gente já se habituou a tocar com mãos insensíveis e doloridas, o medo do palco se torna um problema muito menor."

Bem, como eu disse, cada um tem seu caminho e se defende como pode. Se você sentir que falar olhando para as flores ou para os repolhos, segurar clipes ou deixar os dedos congelados irá ajudá-lo e dar tranqüilidade para que se apresente com mais desenvoltura nas reuniões da empresa ou diante de um auditório numeroso, vá em frente e receba os aplausos da platéia.

Saiba no entanto que, se você segurar um objeto que não faça parte do contexto da apresentação, correrá o risco de distrair os ouvintes e prejudicar o resultado final. Por exemplo, se você falar em pé segurando uma caneta esferográfica, como ela não participa do contexto da exposição poderá desviar a atenção do público, que deixará de acompanhar seu raciocínio.

Por outro lado, se você segurar a caneta quando estiver sentado, ticando alguns itens numa folha de papel, a presença dela estará justificada porque faz parte do contexto da apresentação.

Depois de todas essas considerações, podemos voltar ao sexo. Nesse caso, mesmo o estudo sendo sério, por enquanto vou virar as costas e não considerar essa técnica. Primeiro porque, por mais respaldadas que sejam as conclusões, eu as considero esquisitas demais. Depois, não tenho a mínima idéia de como orientar meus alunos sobre o tipo de relação sexual mais apropriado para tornar suas apresentações eficientes.

Em todo caso, ainda aqui preciso ser fiel à minha filosofia e continuar pregando que cada um deve lançar mão do recurso com o qual se sinta mais à vontade. Se você julgar que uma relação sexual antes de falar em público vai ajudá-lo a se tornar mais eloqüente, não vacile, vá em frente. Mesmo que você não se saia tão bem diante da platéia, pelo menos será um orador mais feliz.

Se você ainda duvida da seriedade da informação, veja como e de onde ela surgiu. A pesquisa foi feita na Universidade de Paisley, na Escócia. Segundo o estudo realizado com 22 homens e 24 mulheres, todos heterossexuais, durante duas semanas, as pessoas se saem melhor falando diante da platéia se no período que antecedeu à apresentação tiverem relações sexuais.

Ah, e tem mais: relações sexuais com penetração. Por isso que eu disse que era preciso ter um mínimo de qualidade, não poderia ser assim um relacionamento amoroso qualquer. Lembrando ainda que masturbação também está fora do cardápio.

Conclui-se que sexo à la Bill Clinton e Monica Lewinsky não vale. Malabarismos com charutos então nem pensar. Como Clinton sempre se saiu muito bem em seus discursos, podemos concluir que o motivo da sua competência oratória, provavelmente, teve origens menos eróticas. Ou não?

Disponível no site http://noticias.uol.com.br/economia/carreiras/artigos/polito/2007/08/27/ult4385u29.jhtm

domingo, 26 de agosto de 2007

Vem aí: Marlboro para mascar

Que os fabricantes de cigarro precisam rever a estratégia para garantir sua sobrevivência, já era sabido. Afinal, é difícil prever o futuro de uma indústria que viu desaparecer quase metade de sua camada de consumidores entre 1989 e 2006.

O que surpreende, porém, é a ousadia das companhias de tabaco para encontrar soluções. Nos Estados Unidos, a Philip Morris se prepara para ingressar em um segmento pouco conhecido por aqui: o de fumo de mascar, ou "smokeless tobacco".

Por lá, esse mercado já movimenta US$ 3,7 bilhões por ano. Usando o alcance de sua marca mais famosa, a subsidiária norte-americana do Altria Group Inc. batizou o novo produto Marlboro Moist Smokeless Tobacco.

Os testes devem começar em outubro deste ano, em Atlanta, na Geórgia. Os consumidores terão dois sabores e duas variedades como opção – original e wintergreen e Long Cut e Fine Cut, respectivamente. O novo Marlboro virá embalado em sachês que podem ser mascados e depois dispensados como chicletes. As latinhas com os sachês devem ser comercializadas a US$ 3.

A novidade não deve demorar a chegar ao Brasil, um dos países onde as restrições ao segmento aumentam rapidamente. Atualmente, a propaganda do produto é proibida e há diversos projetos regionais para coibir o fumo em restaurantes e lojas. "Com a globalização, a tendência é que as empresas busquem alternativas.

Produtos como esse devem chegar logo aqui", aposta Ivanor Torres, analista da Corretora Geral. Para Torres, as empresas do setor de fumo têm perdido espaço também pela falta de inovação e de lançamentos. "Esse tipo de fumo pode alcançar novos públicos", aposta o analista. Para os entusiastas da novidade, no entanto, segue o alerta. Pesquisadores norte-americanos detectaram que o produto pode causar tumores no pulmão, pâncreas, mucosa nasal e fígado. (Tércio Saccol)

Links relacionados:
Corretora Geral
Marlboro

Fonte: AMANHÃ - Newsletter diária n.º 1026 - 24/08/2007

Motivação - Ferramenta

Blogs e fóruns já são ferramentas de comunicação e motivação

No começo deste ano, João Ghinato saiu de férias. Aproveitou o tempo livre para conhecer o que os programas mais populares da internet podem fazer pela sua empresa. Cadastrou-se no Blogger, no Orkut e em fóruns de discussão. E voltou com idéias para a AG2, agência digital de soluções para grandes corporações, onde atua como diretor de projetos e de TI. “Era uma necessidade operacional e gerencial. Diante do crescimento da empresa, era fundamental ter uma comunicação eficaz que não fosse limitada como o e-mail e na qual os colaboradores pudessem se expor, ouvir, criar conteúdo”, afirma Ghinato.

Ele acabou criando um blog para que os funcionários de cada setor da empresa possam postar informações e comentários. Também foram implementados fóruns de discussão para debater as questões internas mais relevantes que surgem nos blogs. E quando os empregados chegam a um consenso sobre um assunto, publicam uma espécie de Wikipédia corporativa [enciclopédia virtual, que aceita contribuições], reunindo informações úteis para os funcionários.

Com as novas ferramentas, Ghinato assegura que os 160 funcionários da empresa, distribuídos pelas unidades de Pelotas, Porto Alegre, São José dos Campos e São Paulo, estão mais integrados. “Nos blogs, as pessoas se sentem estimuladas a expor o que pensam porque a linguagem é coloquial”, explica o diretor.

Ele lembra que, em abril, um mês depois que as novidades foram implantadas, uma funcionária sugeriu que a empresa adotasse a coleta seletiva do lixo. A idéia chegou facilmente aos superiores por meio de um fórum, evoluiu e hoje a separação do lixo está instituída na companhia. “Os funcionários se sentem respeitados pela transparência da empresa, trocam idéias com os superiores e sentem que sua opinião é levada em consideração. Trata-se de uma ferramenta de motivação no trabalho também”, recomenda Ghinato. Os gerentes também são estimulados a postar e dividir conhecimentos e, também, fomentar a participação de todos os comandados.

Mas atenção: a ferramenta pode virar um tiro no pé, avisa o diretor de TI da AG2.. Para que blogs, wiki e fóruns não virem brincadeira, ele orienta os funcionários a evitar a postagem de conteúdos não relacionados ao trabalho. Agora, a AG2 também está repensando o bloqueio das páginas de Orkut e messenger que vigora na empresa. “Limitamos o acesso porque a rede ficava sobrecarregada, mas a tecnologia evoluiu neste sentido e sinto que temos que trabalhar com a maturidade das pessoas. Um ambiente sem tantas regras é mais agradável”, acredita Ghinato. (Luiza Piffero)

Fonte: AMANHÃ - Newsletter diária n.º 1026 - 24/08/2007

domingo, 19 de agosto de 2007

Aprender a Viver

Considerado um dos mais polêmicos pensadores da atualidade, Luc Ferry escreveu seu último livro, Aprender a Viver (Ed. Objetiva), de forma descomplicada, para pessoas que querem conhecer filosofia.

"Vou lhe contar a história da filosofia. Não toda, certamente, mas, pelo menos, seus cinco maiores momentos. Em cada um desses momentos, lhe darei exemplos de uma ou duas grandes visões de vida, a fim de que você possa, se tiver vontade, começar a ler sozinho as obras mais importantes.
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Logo de saída, uma promessa: vou expor todos os pensamentos com absoluta clareza, sem qualquer jargão, indo direto ao essencial, ao que cada um deles tem de mais profundo e apaixonante. Se você me seguir, saberá então verdadeiramente o que é a filosofia. E também saberá como ela ilumina, de maneira única, a questão de como podemos ou devemos conduzir nossa existência..." LUC FERRY, filósofo francês.
Fonte: Submarino

domingo, 5 de agosto de 2007

Criatividade

Criatividade é treino

"Não há nada mais difícil de realizar nem mais perigoso de sucesso mais incerto do que iniciar uma nova ordem das coisas. Quem faz a mudança encontra inimigos em todos os que lucram com a antiga ordem".

Nicolau Maquiavel, em O Príncipe.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Elogio

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"Atriz de novelas da Globo diz, no jornal, que ficou radiante ao ouvir da Ivete Sangalo que ela é uma das atrizes mais bonitas do Brasil.

A moça devia ter ficado feliz se ouvisse que era das melhores atrizes do Brasil. Beleza passa, talento é eterno.

O bom elogio é o que nos reconhece os valores permanentes e não os efêmeros, que o tempo destrói. E todos temos um desses talentos. É descobri-lo e vivê-lo." Luiz Carlos Prates