sábado, 10 de novembro de 2007

CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL

Desenvolvimento de Equipes
Empresas e Humanidades: a parceria do conhecimento
Teletrabalho - home office

Empresas e Humanidades: A Parceria do Conhecimento

Por Paulo Gustavo
Publicado em 04.11.2007 - Edição 474

Matéria da Folha de S.Paulo publicada em 23 de setembro deste ano informa que grandes empresas estão investindo em cursos de capacitação para seus profissionais, só que, dessa vez, em áreas do universo cultural e, mais especificamente, das chamadas Humanidades. São cursos de Teatro, Filosofia, Música, Mitologia Grega..., que, para surpresa de muitos, estão temperando o cardápio das ações de Recursos Humanos.

Subestimadas por uma estreita e pragmática visão de mundo, as Humanidades no Brasil parece que começam a dar a volta por cima, ainda que de forma episódica, pontual e utilitarista. Gestores e profissionais principiam a se dar conta de que o Humano nas empresas não deve se limitar à gestão de pessoas ou a palestras motivacionais. Num país em que os horizontes dos executivos ainda são, em sua maioria, culturalmente curtos — de resto, uma característica socioeducacional do próprio povo —, a notícia pode parecer estranha. Na verdade, tal investimento profissional atrela-se às exigências de uma sociedade globalizada em que o conhecimento é uma poderosa ferramenta de trabalho.


Essa parceria amplia a produtividade, proporciona um melhor trabalho em equipe e desempenho social e humano dos profissionais, que, assim, ganham olhos para a transversalidade, a interdisciplinaridade e um contexto mais amplo, passando a enxergar melhor além das fronteiras de cada um.

O que ainda engatinha no Brasil já de há muito caminha com desenvoltura nos países desenvolvidos, onde não é incomum que os executivos tenham formação em áreas tão distintas quanto Filosofia e Finanças, História e Psicologia. Dispensável dizer o quanto uma formação múltipla frutifica resultados e uma antenada visão de mundo.


Conhecimentos, idéias e metáforas, ao migrarem de um campo para outro, enriquecem o pensamento e melhoram o desempenho, geralmente e cada vez mais, um desempenho multifuncional e, lato sensu, multicultural, que não se esgota, pela própria dinâmica em que prospera, em áreas específicas de atuação.

O universo das Humanidades e das Artes, apesar de visto com um viés dicotômico que o opõe às atividades mais pragmáticas, não é um pólo contraditório a qualquer prática profissional, tampouco às práticas gerenciais e funcionais das diversas áreas. Ao perceberem formas, subjetividades, discursos, mitos, contrastes, polifonias, com a abertura para o novo e a criatividade, as Humanidades têm muito a dizer a quem precisa lidar com um mundo em que a estética e a inovação — como já foi observado — se inserem como constituintes, em que humanos e objetos se confundem em novos e insuspeitados arranjos, em que, para lembrar Edgar Morin, a complexidade é inevitável.


Em seu conhecido profetismo, McLuhan, há mais de quarenta anos, já nos avisara de que as velhas dicotomias haviam chegado ao fim. Para ele, a era eletrônica, precursora da digital, traria a descompartimentação que, hoje, de fato, testemunhamos. Para o teórico canadense, “As grandes empresas não podem viver nos dias de hoje sem um senso altamente desenvolvido das artes. Elas são os sinais de alarme.

Todos os sinais de alarme do novo mundo estão presentes nas artes muito tempo antes que os rapazes do hardware os percebam. E assim as artes servem para fins de sobrevivência, fins de navegação, e, como tais, são indispensáveis mesmo nos níveis mais caseiros e humildes”. Os especialismos, sem uma boa dose de generalismo, não são mais que pontos desarticulados que conspiram impotentemente contra o caráter em rede da sociedade informacional e do conhecimento. Ver a floresta tornou-se, mais do que nunca, tão essencial quanto ver a árvore.

Assim, a, para muitos, “cultura inútil” das Humanidades vai reconquistando (se é que se pode falar aqui de reconquista) um lugar que se impõe, malgrado a visão utilitarista, no desenho de um novo paradigma. Não é por acaso, por exemplo, que vários gurus da gestão têm ido a Platão e a Shakespeare e que importantes executivos do Primeiro Mundo não abrem mão de ler o melhor da literatura universal. Dessa forma, poetas, músicos, historiadores, filósofos e artistas em geral começam a ser “ouvidos”, “corrigindo” a observação de Wittgenstein, nos meados do século 20, segundo a qual não ocorre ao homem contemporâneo que músicos e poetas tenham de fato algo a lhe ensinar, apenas algo para diverti-lo. Bom, parece que empresas inovadoras e de excelência vêm tentando corrigir o comentário do filósofo. A competitividade agradece, as Humanidades também.


Fonte: http://www.desafio21.com.br/

Felicidade- dinheiro - Dalai - padre

Luiz Carlos Prates
11/11/2007

O Dalai e o padre


Esta semana entrevistei um padre. Não lhe digo o nome, não estou autorizado, ainda que o que ele tenha dito em nada configure novidade ou choque. Mas antes de dizer o que ouvi do padre, devo antes dizer o que diz o Dalai Lama sobre felicidade. Ando lendo muito o Dalai, ele não é nada do que muitos pensam, é um sujeito pé-no-chão, não se acha o tal, e até diz coisas bem prosaicas.

Ele não diz nada além do óbvio e do simples; aliás, parece que essa é a lei dos iluminados. Sim, sei, me alongo e não chego ao assunto, e a linha final já está logo ali. Já digo o que é. Diz o Dalai Lama que "o propósito da vida é a felicidade". Não é uma gracinha o Dalai? Se eu dissesse isso na porta da rodoviária me jogariam tomates, mas o diacho é que é assim mesmo, as verdades abissais da condição humana são tão simples quanto um espirro.

Mas se o propósito da vida é a felicidade e a felicidade depende de nós, e essa segunda frase já corre por minha conta, por que somos tão infelizes? Falo pela maioria. O sujeito casa com a Miss Mundo e no outro dia pela manhã boceja... Sai da cama como quem sai de uma reunião na empresa, com cara de nada. Por que é tão difícil ser feliz, se a felicidade depende de nós, insisto?

É aqui que entra a entrevista que fiz com o padre. Perguntei a ele se ele ouvia em confissão pessoas "bem de vida". Ele disse que sim. E por pessoas "bem de vida" quero dizer pessoas com dinheiro.

- Bom, já que o senhor ouve pessoas "bem de vida" em confissão, é comum que essas pessoas se queixem de infelicidades? perguntei.

- Sim, é o que mais ouço, respondeu-me o padre. Despeço-me aqui do Dalai Lama e do padre e fico com você, leitora, leitor. Por que diabos há tantas pessoas infelizes se elas têm, no mais das vezes, mais que o básico para serem felizes? Não sei, mas especulo. É que estamos vivendo, como nunca antes, pelos olhos dos outros.

É preciso que os outros pensem que estamos bem, que somos felizes, que nossa vida é uma tempestade de boas emoções. E como sabemos que mentimos, sofremos. Vemos os outros por fora e nós por dentro. Os outros mentem como mentimos, os outros não sabem de nós e sabem deles. É uma mentira coletiva.

E todos nos damos as mãos para a infelicidade grupal. Uma pessoa boa, fiel, honesta, asseada, trabalhadeira, que goste de cachorrinho vira-latas, mas que não tenha nada no banco é uma pobretona desprezada. Se for uma besta com dinheiro será admirada. Ficou difícil ser feliz na simplicidade. E sem simplicidade a felicidade é simplesmente impossível.


VEM AÍ O ORKUT DOS RICOS

Uma pesquisa da Latin Panel retrata que a vida dos brasileiros mais ricos melhorou ainda mais, neste ano. A renda média das famílias das classes A e B, que recebem acima de dez salários mínimos por mês (R$ 3,8 mil), aumentou 7,3% em 2007 em relação ao ano passado.

É uma oportunidade e tanto para quem tem algo a oferecer aos mais endinheirados. É o caso do site Social Life, criado por empreendedores paranaenses para ser uma rede social privada de relacionamentos voltada exclusivamente para o público “mais exigente e afortunado do país”, como define o anúncio de divulgação da rede.

A proposta do empresário Nilton Alexandre de Souza e mais três investidores é atender a uma demanda crescente por redes sociais organizadas, oferecendo um leque de serviços superior a sites como Orkut, MySpace e FaceBook.

A idéia do Social Life se inspira no site norte-americano Small World que possui 260 mil usuários – 7% deles brasileiros. O espaço é diferente de qualquer rede existente, apregoam os empreendedores.

O Social Life tem monitoramento constante e um restritivo sistema de acesso. Para se associar, até fevereiro de 2008, qualquer pessoa pode se cadastrar no site e convidar amigos. Esse cadastro passará por análise de uma equipe da Social Life, que dirá quem está e quem não está à altura dos requisitos.

Nesse processo de seleção, o Social Life fará até mesmo uma sabatina com o possível usuário. Dados como perfil profissional, social e pessoal serão importantes. Se aceito na comunidade, o mais novo usuário pagará uma mensalidade de R$ 79 para permanecer na rede.

A estimativa é que 550 mil pessoas se cadastrem até fevereiro e aproximadamente 10% sejam aprovadas e mantidas na rede. Somente com mensalidades, o Social Life deve movimentar R$ 4,3 milhões por mês. Depois de fevereiro, apenas quem receber o convite de um amigo poderá ingressar no site. “É um projeto para colunáveis”, define Souza.

O grande chamariz para o “Orkut dos ricos” é proporcionar ferramentas e usos não oferecidos pelas redes existentes como fechamento de negócios, serviços, consultorias, entretenimento, informação e até oportunidades de emprego. “As redes sociais são a revolução da internet”, anima-se Souza. “Criamos um sistema pago com mais utilidades e benefícios do que as oportunidades encontradas no mercado”, conclui. (Tércio Saccol)

Links relacionados:
Social Life
Small World

Fonte: Revista AMANHÃ. Newsletter diária n.º 1078 - 09/11/2007

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

MENTE - ÍNDICE

Felicidade. Luiz Carlos Prates
Vendendo partes do corpo

MEMORIZAÇÃO - ÍNDICE

A rotina: veneno para o cérebro
Técnicas mnemônicas - artigos do "AS"

COMUNICAÇÃO - ÍNDICE

Comunicação humana
Oratória - fale com naturalidade - Polito
Oratória - quebre as regras - seja natural - Polito

COMUNICAÇÃO HUMANA

Por Haroldo Barros

Grande Trígono entre Mercúrio, Júpiter e Saturno

O Grande Trígono entre esses três planetas abre as possibilidades para uma comunicação sábia, precisa e de boa qualidade. Aproveite essa fase para treinar e aprender essa complexa arte que é a comunicação humana.

Muitas coisas diferenciam o ser humano dos outros animais. Victor Hugo diz que o homem é o único animal que ri. Kant diz que o homem é o único ser do universo que sabe que está morrendo, enquanto o restante da criação o ignora completamente. Nietzsche diz que o homem foi o único ser capaz de criar uma divindade à sua imagem e semelhança.

Porém, a mais significativa diferença entre nós e os demais animais é o fato de que só o homem é capaz de se comunicar lingüisticamente.

O homem foi capaz de inventar um código – a palavra – para designar parcelas da realidade, idéias, intenções, sentimentos.

E desde que se estabeleceram os primeiros itens desse código, acabou-se o sossego (se é que já houve algum!) entre os homens.

Sim, pois, apesar de ser uma grande invenção, a palavra é absolutamente pobre para expressar nossos pensamentos e sentimentos. E como até agora não conseguimos ainda inventar outro jeito melhor, temos mesmo que nos valer da linguagem para comunicar-nos.

O problema é que, ao elaborar lingüisticamente os nossos pensamentos, fatal e inexoravelmente cometemos três pecados básicos: omitimos, distorcemos e/ou generalizamos informações. (1)

Essas três categorias (omissão, distorção e generalização), apontadas pelos estudiosos da Lingüística Transformacional, acabam fazendo dos processos comunicativos verdadeiros campos de batalha, onde se digladiam as nossas idéias e intenções, por um lado e a nossa (pouca) habilidade em transformá-las em palavras, por outro.

Resultado: pensamos em algo, mas dizemos outra coisa; e o que é pior, o interlocutor, ao decodificar a mensagem, vai fazê-la passar por seus próprios filtros perceptivos da realidade, já naturalmente impregnados de suas próprias idéias, princípios e critérios de julgamento. Ou seja, entre o que queremos expressar e o que o nosso interlocutor entende há uma larga (às vezes abismal!) distância.

Diante disso tudo, somos instados a buscar a mais importante habilidade comunicativa: a precisão.

O grande trígono entre Mercúrio, Júpiter e Saturno é um lembrete dos céus de que podemos e devemos ser precisos em nossos processos comunicativos, pelo bem de nossa eficácia, de nossa saúde emocional e de nossos relacionamentos.

Mercúrio nos diz que nenhum homem é uma ilha. Saturno nos determina que a maior parte dos problemas de nossa civilização (desde uma discussão entre marido e mulher até um conflito armado entre dois países) provêm de erros de comunicação. Júpiter nos convida a fazer de nossas palavras um canal celestial.

Portanto, fique atento: o trígono (ângulo de 120º) é um aspecto altamente estimulante e positivo e, ao unir Mercúrio, Júpiter e Saturno, possibilita-nos um aprendizado importante sobre a forma e os resultados da comunicação que praticamos. Aproveite a fase para efetivar em você esse aprendizado.

Algumas dicas úteis:

Nós não temos que falar sempre. Às vezes, o silêncio é tão útil ou mesmo tão eloqüente quanto um discurso inteiro.

Toda informação de boa qualidade é válida (espelha a realidade), útil (traduz-se em importância prática) e acionável (pode ser usada). Se a informação que você pretende repassar não tiver esses três atributos, esqueça-a.

A responsabilidade da comunicação é sempre do emissor da mensagem, nunca do receptor.

E lembre-se: sua palavra cria, constrói ou destrói universos. O sábio Júpiter e o aprumado Saturno ajudarão Mercúrio nesse processo, fornecendo o cimento da precisão e da sabedoria, que ligará os tijolos que suas palavras empilharão. Cabe a você fazer a opção entre construir, com suas palavras, muros ou pontes.

Enviado por Edna Paiva Recruth em 22/04/2007
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(1) O "deus" nos acuda da comunicação. "GOD" = Generalizar, Omitir e Distorcer. Ver Apostila: Curso de Leitrua e Produção de Textos. Pressupostos e subentendidos, p. 59-60.

ESPIONAGEM NAS EMPRESAS

Como proteger as informações estratégicas do olhar de funcionários bisbilhoteiros – às vezes, a serviço da concorrência.

Fonte: http://amanha.terra.com.br/edicoes/236/capa02.asp


Marcos Graciani e Simone Fernandes

Por pouco, o novo fenômeno da Fórmula 1, Lewis Hamilton, não perdeu os pontos que acumulou durante a brilhante campanha deste ano. Sua escuderia, a McLaren, foi condenada pelo Conselho Mundial da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) a pagar uma multa de US$ 100 milhões por espionagem à rival Ferrari e perdeu todos os pontos conquistados no Campeonato de Construtores de 2007. Em julho, 780 páginas de informações técnicas da Ferrari foram encontradas na casa de Mike Coughlan, na época o projetista-chefe da McLaren. Elas foram repassadas por Nigel Stepney, ex-mecânico-chefe da escuderia italiana, demitido ainda em junho sob acusação de sabotagem. Os pilotos da McLaren não foram punidos porque não se descobriram indícios de uso de propriedade intelectual da Ferrari nos seus carros. Em depoimento no início de outubro, Stepney disse que também recebia informações de Coughlan. Pelo que havia sido apurado até então, não se sabia se algum dos dois funcionários havia sido subornado para repassar os projetos ou se apenas trocavam informações que deveriam ser confidenciais.

O rumoroso caso envolvendo a McLaren e a Ferrari ganhou uma repercussão singular, mas a espionagem nas empresas é muito mais comum do que parece. Só que a maioria dos casos não chega à polícia, nem às páginas dos jornais. E, quando chega, descobre-se uma característica comum a grande parte dos casos: a participação de funcionários da empresa espionada. Para quem está interessado em bisbilhotar o concorrente é mais vantajoso buscar a ajuda de alguém que já conhece o funcionamento e as rotinas da organização. “Para entrar no sistema de uma empresa, por exemplo, sai muito mais caro contratar um hacker. Mais fácil é comprar as senhas de um funcionário”, ilustra o detetive Edilmar Lima, fundador da Central Única Federal dos Detetives do Brasil, em Brasília, que trabalha com contra-espionagem.

ara Walter Félix Cardoso Júnior, doutor em Aplicações, Planejamento e Estudos Militares pela Escola do Exército e professor da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), a primeira atitude que a empresa deve tomar para se proteger da espionagem é tornar mais crítico o processo de seleção. Checar, por exemplo, se o que a pessoa disse na entrevista é verdadeiro. “Quanto mais rigoroso o processo, maior conhecimento a empresa terá sobre quem está contratando”, diz. No entanto, são raríssimas as empresas ou organizações brasileiras que adotam procedimentos rigorosos na hora de contratar um funcionário. Somente as Forças Armadas, em alguns casos, além da Presidência da República e a área de inteligência do governo. No setor privado, os especialistas citam apenas a Embraer. “Depois de botar alguém pouco conhecido para dentro da empresa, o risco de ter uma surpresa é muito alto”, afirma Cardoso.

Quando providências mais rígidas não foram adotadas no início do processo, é preciso agir logo que surgem os primeiros indícios de vazamento de informações. Nesses casos, algumas empresas recorrem aos serviços de contra-espionagem – geralmente feitos por detetives. Uma das primeiras ações é fazer um check-up dos funcionários. Verificar, por exemplo, onde já trabalharam, se vieram de algum concorrente ou se mantêm relacionamento com pessoas suspeitas. Caso seja necessário investigar melhor algum deles, o procedimento mais comum é a infiltração de um falso funcionário na empresa. Essa fase pode demorar alguns meses, até que o infiltrado consiga se aproximar das pessoas e obter as evidências a respeito do suspeito.

Porém a maior parte dos casos de espionagem não é descoberta porque as empresas não têm idéia de que estão sendo espionadas. Para o detetive Wilson Teixeira, de Belo Horizonte (MG), as companhias não deveriam contratar um serviço de contra-espionagem apenas quando estão desconfiadas. “As empresas não se previnem. Somente se dão conta quando aparecem os prejuízos. E aí, quase sempre, é tarde demais”, ressalta.


O que é preciso proteger

Cada empresa deve analisar profundamente quais são as informações estratégicas que ela precisa proteger e estabelecer nveis de segurança.
Mas alguns tipos de dados deveriam ser protegidos em qualquer empresa:

Pesquisa e desenvolvimento – principalmente nos casos dos laboratórios farmacêuticos, fabricantes de bebidas e alimentos, setores que estão na lista dos mais espionados

Estratégias de marketing

Planilhas de custos

Quem são os clientes e os contratos estabelecidos com eles

Informações pessoais de clientes e dos funcionários. No caso das informações sobre os clientes, os escritórios de advocacia estão entre os mais espionados. É que, além de ouvir confissões das pessoas que cometeram crimes, os advogados também participam de processos sigilosos das empresas, como fusões e aquisições, operações de abertura de capital ou participação em licitações

Vazamento involuntário

Embora existam muitos casos de espionagem planejada por funcionários, os especialistas ressaltam que a maior parte dos vazamentos de informação nas empresas acontece de forma não-desejada. O funcionário não tem a intenção de entregar para um estranho as informações sigilosas, mas acaba falando sem perceber ou cometendo inconfidências ao fazer comentários em público. “Cerca de 85% das informações estratégicas são vazadas involuntariamente. E principalmente por diretores, presidentes e pessoal da área de pesquisa”, garante Antonio Brasiliano, diretor executivo da Brasiliano & Associados Gestão de Riscos Corporativos. Segundo ele, a espionagem de hoje é bem diferente daquela da época da Guerra Fria. “O espião não precisa mais entrar fisicamente na empresa para roubar a chave do cofre. Ele usa outras técnicas”, revela o consultor, que defendeu dissertação de mestrado justamente sobre a fuga involuntária de informações. Ele cita as técnicas de indução e de infiltração. Na indução, o espião conversa com a pessoa até extrair alguma informação dela, o que pode demorar algumas semanas. Ele pode conhecê-la num happy hour ou no avião e tentar manter o contato. Na técnica de infiltração, ele cola em alguém para saber aonde a pessoa vai e o que faz, além de ouvir as conversas dela.


Detetive Lima: é mais fácil e barato comprar senhas de um funcionário do que contratar um hacker

Os especialistas são unânimes em apontar os aviões e os aeroportos como o paraíso dos espiões. “É só ficar na sala vip e observar o que acontece”, indica Brasiliano. Os executivos falam sobre os negócios no celular e respondem e-mails de trabalho em público, sem nenhuma cerimônia. Eles também participam de reuniões e depois falam pelo celular sobre o que foi negociado dentro dos táxis, no elevador. “Colocar chave, crachá, firewall é fácil. Difícil é convencer as pessoas a mudar de comportamento. E o engraçado é que, quanto mais proteção física a empresa instala, mais as pessoas se sentem relaxadas e descuidam das próprias atitudes”, avalia Brasiliano. O diretor de negócios da Plugar Informações Estratégicas, Fábio Rios, conta que foi contratado há alguns anos por uma grande empresa brasileira para um serviço na área de portais corporativos. No avião, Rios se sentou ao lado do diretor jurídico da empresa – que não o conhecia e nem sabia que ele havia sido contratado para aquele trabalho. Sem se importar com sua presença, o diretor começou a ler os e-mails e respondeu até uma mensagem do presidente da companhia. “Não falei nada e não fiquei olhando. Mas e se eu fosse um concorrente?”, questiona.

Na multinacional ADP, que fornece soluções para folhas de pagamento e recursos humanos, o esforço para conscientizar os funcionários é constante. “Todo mundo diz que a pessoa é o elo mais fraco. Nós trabalhamos para que nossos profissionais sejam a melhor proteção. Queremos que sejam firewalls humanos” diz Jarbas Cruz, gerente de segurança da informação da ADP. Para isso, a empresa tem um programa de conscientização permanente. Quando é contratado, o funcionário recebe um treinamento. Depois, há boletins mensais, campanhas a cada seis meses e um seminário anual. “É uma tarefa interminável. É educação de longo prazo”, afirma.


Proteção eletrônica

Uma das principais frentes de preocupação é o acesso a dados eletrônicos. É comum que as empresas não mantenham registros sobre quem mexe nos arquivos ou quando eles foram abertos. Mais que isso, elas permitem que qualquer funcionário tenha acesso até mesmo a arquivos que deveriam ser restritos. O especialista em gestão de risco Sérgio Citeroni, sócio da área de auditoria da Ernst & Young, ressalta que o correto é cada funcionário ter trânsito livre apenas para as informações que lhe dizem respeito – e a empresa deve monitorar quem acessa o que e os motivos que levaram algum funcinário a tentar acessar informações sigilosas. “Por que todo mundo vai ver a folha de pagamentos?”, questiona. Citeroni conta que há casos em que até ex-funcionários conseguem obter informações simplesmente porque não cancelarem seu acesso.

No escritório Koury Lopes Advogados existe um controle rígido sobre cada documento, desde quando é criado. Se ele for confidencial, fica visível apenas para as pessoas que precisam acessá-lo. Se outro funcionário faz uma pesquisa sobre o assunto, não o enxerga. Além disso, tudo que o acontece com o documento fica registrado: quando e por quem é editado, se é enviado por e-mail, copiado ou impresso. A porta USB dos computadores é bloqueada e se algum profissional sai de sua mesa e deixa a máquina conectada à rede. Depois de cinco minutos, ela trava automaticamente. Mas os especialistas advertem: controlar o acesso a dados e documentos é diferente de monitorar a correspondência eletrônica do funcionário. As empresas que querem acompanhar como os empregados usam o e-mail devem avisá-los antes, sob pena de ter problemas na Justiça.

Já na ADP, toda informação sobre os clientes é considerada confidencial, o lixo é destruído e os documentos devem ficar guardados sempre em gavetas. “De que adianta um firewall no computador se os documentos ficam à vista em cima da mesa?”, justifica Cruz. Os cuidados são tantos que nenhum arquivo confidencial é enviado para os clientes por e-mail, mas por um sistema alternativo. E para mandar um fax, antes é enviada uma página de teste e confirmado por telefone se a pessoa que deve receber o documento está no outro lado da linha. Só então, é enviado o fax.

Hoje, adverte Cruz, a maior ameaça à segurança das empresas é o que vem sendo chamado de “ataque de engenharia social”, que pode ser real ou virtual. É quando alguém finge ser quem não é. É o caso dos e-mails que se identificam como provenientes do Serasa, da Receita Federal ou de um banco. “Usar a internet hoje em dia é mais arriscado que entrar desarmado na favela do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro”, exagera Paulo Luz, consultor em segurança pública e privada da Ability BR. Segundo ele, um hacker pode invadir os sistemas de uma empresa e não somente captar as informações, mas, também, destruí-las. Portanto, é fundamental ter um setor de informática competente e sistemas de proteção sempre atualizados.


Jérome Stoll, presidente da Renault do Brasil: segredo absoluto sobre o novo carro

O ataque de engenharia social pode ser feito também pelo telefone, quando uma pessoa se faz passar por outra. Nesses casos, o funcionário que atende ao telefone só deveria dar informações sobre o chefe ou até mesmo transferir a ligação após a pessoa que está na linha ter se identificado devidamente. “Essas coisas todas não têm a ver com tecnologia. A proteção vai muito além dos recursos tecnológicos”, avalia, convicto de que o fundamental é que as pessoas tomem atitudes corretas. De qualquer modo, diz ele, não há como blindar a empresa contra a espionagem. “Não existe um sistema 100% seguro, mas, se as pessoas estiverem treinadas, a proteção será bem maior”, diz.

O “engenheiro social” usa as técnicas de indução. Por exemplo, ele faz um favor para uma pessoa, que depois se sente na obrigação de retribuir. O hacker Kevin Mitnick, autor do livro A Arte de Enganar, conta que tinha facilidade para conseguir informações não tanto pelas suas habilidades computacionais, mas por sua capacidade de convencer os outros de que ele era outra pessoa. Outra história parecida é a do impostor e falsificador de cheques Frank Abagnale Jr., mostrada no filme Prenda-Me Se For Capaz. Hoje, Abagnale tem uma empresa de consultoria contra fraudes financeiras.

Para aumentar os níveis de segurança, algumas empresas acompanham o comportamento dos seus principais executivos. “Ninguém gosta de ser monitorado, mas a empresa não tem outra opção”, defende Paulo Luz, da Ability BR. A companhia precisa saber se as pessoas que cuidam das suas informações estratégicas não se comportam de forma arriscada, o que inclui o uso de drogas, bebidas ou companhias desconhecidas. “Digamos que um executivo vai a uma festa, bebe demais e termina a noite com uma mulher linda. Quem garante que ela não estava lá de propósito, com o objetivo de arrancar informações dele?”, questiona Luz.