quinta-feira, 30 de julho de 2009

Microsoft e Yahoo! - UNIDAS

Microsoft e Yahoo! se unem contra Google

Pela parceria, fabricante de softwares colocará o novo Bing como buscador nos sites do Yahoo! para ganhar visibilidade

Em troca, Yahoo! levará maior parte das receitas de publicidade com buscas; acordo, que mira a liderança do Google, durará 10 anos


Efe

Os presidentes do Yahho!, Carol Bartz, e da Microsoft, Steven Ballmer,
assinam o acordo que prevê divisão de receitas com buscas


STEVE LOHR
DO "NEW YORK TIMES"

Microsoft e Yahoo! anunciaram ontem um acordo de parceria para serviços de busca e publicidade na internet, com o objetivo de criar um rival mais forte para a grande potência do setor, o Google. O pacto entre a Microsoft e o Yahoo! é um meio-termo que representa uma divisão pragmática de responsabilidades entre as empresas e substitui a proposta radical que a Microsoft apresentou em 2008, quando ofereceu US$ 47,5 bilhões pelo Yahoo!.

A oferta de aquisição hostil foi retirada pela Microsoft, e o colapso da negociação e as perspectivas incertas quanto ao futuro do Yahoo! levaram a mudanças no comando da empresa e à substituição do cofundador Jerry Yang por Carol Bartz, contratada fora da companhia, na presidência.

Sob os termos do acordo, a Microsoft fornecerá os recursos básicos de busca nos populares sites do Yahoo!. A transação representará um estímulo ao serviço de buscas da Microsoft, recentemente reformulado e rebatizado como Bing. O sistema conquistou elogios e críticas favoráveis, depois que a Microsoft passou anos perdendo terreno para o Google nesse segmento.

Com o acréscimo dos usuários do Yahoo!, a Microsoft poderá executar mais buscas com a tecnologia do Bing. A expectativa é que com o tempo possa também oferecer respostas melhores às solicitações dos usuários, aprendendo com as buscas realizadas. Para o Yahoo!, a aliança reforça a estratégia adotada sob o comando de Bartz, de concentrar as atividades no ponto forte da empresa, a produção de sites de mídia on-line que cobrem áreas como finanças e esporte, bem como na publicidade, um ramo no qual a companhia lidera em termos de publicidade on-line em formatos convencionais.

"O acordo permite que o Yahoo invista naquilo em que deveríamos investir para o futuro: propriedades que atraiam audiência, publicidade on-line convencional e a experiência da internet móvel", disse Bartz. O acordo de dez anos dispõe que a Microsoft licencie a utilização de determinadas tecnologias de busca do Yahoo!, que por sua vez receberá lucrativos 88% do montante total em publicidade vinculada a buscas gerada por seus sites, nos cinco anos iniciais do acordo. É uma porcentagem elevada: índices na casa dos 60% são mais comuns em acordos do tipo.

Depois do fracasso da proposta de aquisição no ano passado, só com a chegada de Bartz ao comando do Yahoo!, no início do ano, os interesses da empresa mudaram, e as negociações foram retomadas. Bartz estava mais interessada em receita firme para garantir a saúde financeira de sua empresa em longo prazo do que em um pagamento elevado imediato.

Ações caem
As ações do Yahoo! caíram 12% depois do anúncio, em provável reflexo da decepção dos investidores pela falta de um pagamento vultoso. As ações da Microsoft subiram 1,4%. "Foi como uma punhalada no peito", disse Darren Chervitz, coadministrador do Jacob Internet Fund, que detém 100 mil ações do Yahoo!. "A sensação certamente foi a de que o Yahoo! está cedendo sua porção do mercado de buscas, que é forte e custou muito trabalho à empresa, em troca de um ganho realmente modesto."

Chervitz diz que algumas porções do acordo fazem sentido para o Yahoo!. A empresa teria dificuldade em acompanhar os investimentos de infraestrutura de Google e Microsoft. Mas ainda assim ele afirmou temer que o acordo voltasse para incomodar o Yahoo! no futuro, a depender da evolução do mercado de buscas, especialmente nos celulares. "Minha sensação é a de que o Yahoo! terminará por se arrepender do acordo", disse.

Se o acordo for concluído no ano que vem, como planejado, e depois que a parceria estiver plenamente implementada, em três anos, o Yahoo! estima que sua receita operacional cresça em US$ 500 milhões anuais, com base no tráfego de buscas mais alto e na receita publicitária adicional. E, ao transferir à Microsoft as dispendiosas tarefas técnicas de manter e melhorar a tecnologia de busca, o Yahoo estima que poderá economizar US$ 200 milhões anuais.

Steven Ballmer, presidente-executivo da Microsoft, declarou que Bartz negociou duramente. "Vejam, ela vai ficar com 88% da receita e zero de custo." Mas afirmou que sua equipe também conseguiu algo que desejava muito: "Agora tenho a oportunidade de jogar para ganhar nas buscas".

Juntos, a Microsoft, terceira colocada no mercado de buscas dos Estados Unidos, e o Yahoo!, que ocupa a segunda posição, deterão 28% do tráfego de buscas dos EUA. Mesmo assim, a nova parceria começará em larga desvantagem com relação ao Google, cuja participação nesse mercado é da ordem dos dois terços.

O Yahoo! continuará controlando a aparência dos buscadores em seus sites e determinará as diferentes aplicações de busca para temas como entretenimento e finanças, por exemplo. Mas as buscas do Yahoo! terão um selo "powered by Bing". Em uma entrevista telefônica conjunta, pela manhã, e em entrevistas posteriores à tarde, Bartz e Ballmer enfatizaram que combinar a segunda e a terceira colocadas no mercado não prejudicaria a competição, e sim a reforçaria. O Google foi raramente mencionado de forma direta, mas era o subtexto de toda a conversa.

STEVE LOHR
DO "NEW YORK TIMES"

Tradução de PAULO MIGLIACCI

fOLHA INFORMÁTICA - 300709

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