segunda-feira, 28 de abril de 2008

A esperança agoniza

28 de abril de 2008
Luiz Carlos Prates - Diário Catarinense


E ninguém vai dar um basta na estupidez? Parece que não, a estupidez entroniza-se gravemente no cotidiano das esquinas do mundo. A cada dia uma nova moda. Uma nova loucura, melhor dito. Acabo de ler mais uma dessas insanidades protegidas pelos costumes, com o aval de pessoas mais velhas e até de "autoridades".

Aliás, nada mais raro, hoje, que uma "autoridade". Estou cansado de dizer que autoridade, para os meus valores, é somente a pessoa que conjuga em si mesma duas virtudes: competência e integridade. Uma pessoa competente e íntegra não precisa de títulos, diplomas, insígnias, nada. Ela é. Essa pessoa é um sol humano que prescinde de pompas e circunstâncias. Tão raro esse tipo de gente... Antes de contar o que acaba de me tirar do sério, deixe-me esgaravatar a memória, leitora.

Você lembra dos bailes de debutantes, pois não? Era o sonho das gurias, ainda que a origem daqueles bailes fosse triste. Era uma data em que os pais apresentavam a filha ao "mercado", isto é: ela passava a ficar à disposição para o mercado dos casamentos. Era essa a razão e fim de conversa, ainda que muitos pais digam, hoje, que não, que nunca foi isso. Foi sim, senhores, sempre foi isso.

Aliás, esses bailes também são do tempo em que a mulher, ao casar, "obrigava-se" a juntar ao seu nome o sobrenome do marido. Era como que uma "marcação", uma identificação de propriedade. Graças a Deus que o senador Nelson Carneiro lutou até o fim pela Lei do Divórcio, que deu liberdades à mulher. Uma dessas foi a de manter o seu nome de solteira ao casar.

Saindo de moda os bailes das debutantes, o sonho das gurias passou a ser a Disney, ganhar uma viagem à Disney como festa de 15 anos, acabavam-se os indigestos rodopios dos cafonas bailes de debutantes. E agora a moda é ganhar silicone nos seios aos 15 anos. Esse é o grande presente que "os pais" (?) dão a muitas filhas. É a moda.

Na semana passada, falei aqui dos sutiãs com enchimento para aumentar os seios das garotinhas de sete anos. Sete. E isso no Reino Unido.

Pois, agora, a gota que faltava. Do mesmo Reino Unido vem a notícia das lutas de vale-tudo entre meninos a partir dos quatro anos, eles lutam dentro de um tipo de gaiola de ferro, com apostas e gritos histéricos da torcida de homens, pais...

E agora, o que é que falta, leitor? Urge uma revolução cultural, a sociedade precisa ser salva. Onde estão os homens honrados, os salvadores? A esperança agoniza, é preciso pressa com o remédio...

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