quinta-feira, 24 de abril de 2008

Medos e Coragem - Falar em Público

Medos e coragem

Acabei de ler na revista Mens Health uma interessante reportagem sobre James Bond. Sabe bem o leitor que James Bond é um personagem de ficção, o cara nunca existiu, é uma criação de Ian Fleming. Mas todos sabemos que a obra reflete o autor. É impossível escrever, falar, gesticular, fazer um olhar, o que for, sem que nos revelemos. Aliás, Freud, a quem admiro como o sol da psicologia, deixou muito claro: o ser humano se revela por todos os poros. E não fica demasiado acrescentar: basta que tenhamos olhos de perceber e ouvidos de escutar para que o outro se revele por inteiro diante de nós.

Enfim, lia sobre James Bond. Nessa reportagem eram citadas algumas das virtudes do espião inglês. Uma dessas virtudes é não ter medo de falhar. E outra é viver a vida intensamente, sem medo de derrotas. Tudo bem, James Bond nunca existiu, mas as virtudes observadas na personalidade dele como figura de ficção são perfeitamente reais, todos passamos por essa história de ter ou não coragem, de viver ou deixar o tempo passar, vegetando.

E aí, leitora, o que dizer disso? O medo de não falhar vem da infância, dos primeiros estímulos que nos chegaram aos sentidos, todos somos medrosos, mais ou menos. Todos somos corajosos, mais nisto ou naquilo, mas temos, sim, nossa coragenzinha.

O diacho é viver corajosamente, viver sem grandes medos. Que fique claro que uma pessoa que não sentisse medo não viveria mais que algumas poucas horas, medo é preservativo da vida. A encrenca é o medo limitador de talentos. Sei que posso, quero mas não ajo, fico a temer um possível fracasso. Nesse caso, tinha razão o cangaceiro Virgulino Lampião: "Quem tem medo se enterra vivo".

Ter coragem e viver a vida intensamente, sem que isso configure insanidades irresponsáveis, é sonho de todos. Sonho realizável, desde que avaliemos os nossos medos e comecemos a dar os primeiros passos no rumo da libertação. Vou dar um exemplinho de nada. Dizem que o medo de falar em público é o medo número um. Bobagem, claro que não é, o medo número um é o medo da morte. Mas vamos lá. Falar em público.

Você tem vacilações? Então vamos ao remédio. Tenha um assunto, conheça-o bem, acredite nele, e vá em frente. A exercitação da coragem vai conduzi-lo ao sucesso, vai fazê-lo achar o seu jeito, o seu modo. E o medo vai ficando cada vez menor, até que você se descubra e descubra que falar em público não é o medo número um, é o prazer número um. E lhe diz isso quem tem 47 anos de exercitação continuada... E ainda com medo.


24 de abril de 2008 N° 8048AlertaVoltar para a edição de hojeLuiz Carlos Prates

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